Caso de mulher agredida no elevador: como saber quando a relação é uma ameaça?

O Brasil ficou chocado esta semana com as cenas de uma mulher de 35 anos que foi vítima de uma tentativa de homicídio por meio de uma agressão física, covarde e animalesca. O agressor, Igor Eduardo Cabral, de 29 anos, desferiu cerca de 60 socos na sua então namorada, enquanto ambos estavam em um elevador.

Diante de situações como essa, o que muitos se perguntam, é: como essa mulher mantinha um relacionamento com alguém tão violento? Será que não é possível prever que violências e ameaças à vida podem ocorrer a qualquer momento, quando lidamos com pessoas de índole criminosa?

Para alguns pode parecer simples, mas existem alguns fatores que explicam a manutenção desse tipo de relacionamento, dentre eles a manipulação afetiva e social, ameaças, vulnerabilidade econômica, psicológica e material, coisas que em conjunto colocam a vítima numa condição de aparente dependência do potencial agressor.

Isso se agrava quando o relacionamento envolve filhos, parentes e outros que, de uma forma ou outra, acabam exercendo pressão para que a relação se “resolva” e o casal “se entenda”. A realidade, porém, costuma ser bem diferente, e meu objetivo no texto de hoje é listar alguns sinais que podem lhe ajudar a identificar quando o relacionamento se torna uma ameaça à sua vida.

1 – Ciúme exagerado

Todo agressor, numa relação amorosa, busca justificar parte das suas ações culpando a vítima por dar “motivo” para reações ciumentas. Não se trata de mero cuidado e apreço por respeito, mas de exigências que vão além do comum, como monitoramento constante e reações de cobrança por quaisquer motivos, inclusive envolvendo parentes e amigos.

2 – Controle

O agressor em potencial, se tem ciúme exagerado, também deseja controlar todos os passos da vítima. É alguém que claramente deseja tornar o outro dependente das suas ações, o que envolve decisões sobre coisas mínimas e de grande importância.

É importante não confundir o desejo de compartilhar decisões com o de controlar. Quem deseja controle não compartilha, mas apenas manipula para ter como resultado final a satisfação da sua vontade, independentemente do que o outro pensa ou precisa, pois a prioridade é a sua própria vontade e não a real necessidade da companheira(o).

3 – Violência psicológica

Outra característica comum do potencial agressor é a violência psicológica, que se apresenta na forma de xingamentos, ofensas, palavras que buscam depreciar, desvalorizar, menosprezar e infligir na vítima um sentimento de impotência, incapacidade e conformismo com a própria condição.

Esse tipo de violência é o que primeiro torna a vítima mais vulnerável à agressão física, porque faz com que a vítima chegue a se sentir culpada(o), muitas vezes, por coisas que nunca vez ou pensou, mas que são frutos da manipulação e da intimidação impostas pelo agressor.

“Ele já havia me empurrado antes, já havia cometido muita violência psicológica, isso era muito recorrente”, disse a vítima de Igor.

4 – Frieza e autojustificação

Agressores costumam querer justificar suas ações através de situações específicas, sempre colocando a culpa dos seus crimes/erros no outro, alguém ou em algum acontecimento. No primeiro momento, ao cometer a violência, apresenta frieza emocional, mas logo em seguida busca dar conotação afetiva ao acontecido, exatamente para fazer se parecer “justo” ou “compreensível”.

Esse tipo de comportamento é o que faz com que muitas vítimas fiquem no jogo do “vai e vem” na relação, pois acreditam que o agressor “vai mudar” ou que “tem conserto”, mesmo quando a violência, seja ela psicológica ou física, já ocorreu diversas vezes e sem qualquer sinal de mudança ou arrependimento real.

5 – Covardia e agressão

Por fim, outro grande sinal do potencial agressor é a covardia, algo que reflete o seu real caráter, onde princípios e valores costumam ser falsos. Note que, no caso da mulher do elevador, o elemento tentou retirá-la do local, pois sabia que estava sendo filmado. Ele insistiu para ela sair, pois queria violentá-la sem ser visto.

“Ele disse que eu ia morrer e começou a me bater. Eu não apaguei, mas também não estava consciente o suficiente para me lembrar o que ele falou naquele momento.”, declarou a vítima de Igor.

Agressores de mulheres são covardes e normalmente agem na surdina, pois sabem exatamente o que estão fazendo, e quais são às consequências quando são expostos ao público. É por isso que, normalmente, tais elementos costumam fazer questão de parecer uma coisa na frente das pessoas, quando são outra dentro de casa.

Felizmente, Igor Eduardo Cabral se encontra preso e deverá pagar pelo crime terrível que cometeu. Às mulheres em geral e outras potenciais vítimas de agressores, sejam do sexo masculino ou feminino, espero que esse artigo ajude a lhe fazer compreender melhor o perfil de quem pode ameaçar a sua vida.

Se você, por alguma razão, se sente ameaçada(o) pela pessoa que diz lhe amar, isto já é motivo mais do que suficiente para, primeiramente, pedir ajuda, denunciar às autoridades, tornar a situação pública e decidir colocar um ponto final na relação de uma vez por todas. Pense nisso.

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